quinta-feira, 28 de abril de 2011

A periferia entra em cena

"Quando voçê vê um fenômeno como o rap, isso é de certa forma uma negação da canção tal como a conhecemos". (Chico Buarque)

"Talvez tenha razão quem disse que a canção, como a conhecemos, é um fenômeno próprio do século passado, tal é a quantidade de releituras, de compilações, de relançamentos, de gente cantando clássicos - e isso no mundo inteiro". (Chico Buarque)

"No Brasil, isso é nítido. Noel Rosa formatou essa música nos anos 30. Ela vigora até os anos 50 e aí vem a bossa nova, que remodela tudo - e pronto". (Chico Buarque)

"A minha geração, que fez aquelas canções todas, com o tempo só aprimorou a qualidade da sua música. Mas o interesse hoje por isso parece pequeno. Por melhor que seja, por mais aperfeiçoada que seja, parece que não acrescenta grande coisa ao que já foi feito". (Chico Buarque)

"Acho esse fenômeno do rap muito interessante. Não só o rap em si, mas o significado da periferia se manifestando. Tem uma novidade aí". (Chico Buarque)

"Isso por toda parte, mas no Brasil, que eu conheço melhor, mesmo as velhas canções de reivindicação social, as marchinhas de Carnaval meio ingênuas, aquela história de 'lata d'água na cabeça' etc. e tal, normalmente isso era feito por gente de classe média. O pessoal da periferia se manifestava quase sempre pelas escolas de samba, mas não havia essa temática social muito acentuada, essa quase violência nas letras e na forma que a gente vê o rap. Esse pessoal junta uma multidão. Tem algo aí". (Chico Buarque)
  • Os fragmentos acima foram retirados de entrevistas concedidas por Chico Buarque. Disponíveis em <http://www.chicobuarque.com.br/texto/menuentrevistas.htm>, acesso em 27/04/2011. Disponíveis ainda em "Cinema-Canção", ensaio de Francisco Bosco, publicado em NESTROVSKI, Arthur. (Org). Lendo Música - 10 ensaios sobre 10 canções. São Paulo: Publifolha, 2007.

"Muita gente tem ojeriza com coisas que acontecem no Brasil, como o axé music, a música do carnaval da Bahia ou o funk carioca. São elitistas com medo e vergonha de de misturar com o que vem 'de baixo'." (Caetano Veloso)
  • Fragmento retirado de Bravo, junho de 2005, p.74.

"O funk carioca é nossa maior revolução cultural dos últimos tempos. O pancadão é uma evolução dionísica da contestação". (Lobão)
  • Fragmento retirado de Bravo, junho de 2005, p.76.

"Assim como o baião de Luiz Gonzaga, o funk descreve como crônica todo um universo próprio, com suas vestimentas, danças e gírias próprias. O Funk soube dar o pulo do gato, transformando o Miami bass numa batida única. Quem na história da música eletrônica usa samples de berimbau e de atabaque daquela maneira? do software aos soundsystems dos bailes, passando pela maneira roots de programar a bateria eletrõnica, tudo se deu como na história do dub jamaicano. o gosto estético dos que produzem funk é ditado por eles mesmos, calcado em sua verdade". (Lucas Santanna)
  • Fragmento retirado de Bravo, junho de 2005, p.77.

"A capoeira não vem mais, agora reagimos com a palavra (...)" (Ferréz. 2005, p.9)

"Cala a boca, negro e pobre aqui não tem vez! Cala a Boca!
Cala a boca uma porra, agora a gente fala, agora a gente canta, e na moral agora a gente escreve." (Ferréz. 2005, p. 9)

"Não somos o retrato, pelo contrário, mudamos o foco e tiramos nós mesmos a nossa foto." (Ferréz.2005, p. 9)

"A Literatura marginal, sempre é bom frisar, é uma literatura feita por minorias, sejam elas raciais ou socioeconômicas. Literatura feita à margem dos núcleos centrais do saber e da grande cultura nacional, isto é, de grande poder aquisitivo. Mas alguns dizem que sua principal característica é a linguagem, é o jeito como falamos, como contamos a história (...)". (Ferréz.2005, p. 12)
  • Fragmentos retirados de: FERRÉZ. (Org.). Literatura marginal: talentos da escrita periférica. Rio de janeiro: Agir, 2005.

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