quarta-feira, 13 de abril de 2011

Martin Fierro em contraste com Morte e Vida Severina, a Pampa e a Sesmaria, dos discursos análogos

Amigos meus,

não pretendo teorizar muito sobre isto de comparar os dois textos, foi dificil pegar um trecho representativo de cada obra, já que as analises que podem se fazer são infinitas. Decidi fazer um recorte, não sei se bem feito, da introdução destes dois textos, a apresentação de Martin Fierro e de Severino, chamando a atenção de vocês para conceitos que além das fronteiras são comuns aos seres humanos, o amor é algo compartilhado por todos, o sofrimento, a imensidão da terra: a Pampa (terra sem árvores, em linguagem indígena Pampa) e o Sertão Nordestino.

Martín Fierro, obra de José Hernández, é um poema em sextilha que as vezes usa redondilha, composta de dois livros: o primeiro -Martín Fierro- foi escrito em 1872 e o segundo -La Vuelta de Martín Fierro- dado o sucesso de vendas do primeiro, en 1879. Relata a vida de um gaucho (não gaúcho) que inicialmente era bucólico e trabalhador, para prestar serviço militar obrigatório (leva forzada)foi para a fronteira para defendé-la dos indios.

Aí as condições de vida eram muito duras, pois os índios atacavam as populações em forma de "malón", roubavam, matavam e levavam cativas às mulheres. Alí os soldados ganhavam pouco dinheiro, sofriam os abusos dos chefes militares, que obrigavam eles a trabalhar nas terras e para poder comer saiam a caçar avestruzes (ñandúes ou "ñanduzes") e vendiam as penas.

Martín Fierro deserta do exército e quando volta para sua casa seu rancho estava destruido e sua mulher e filhos dispersos, pelo qual ele vira um "gaucho matrero" (gaucho violento). Borges tomará estas figuras da literatura gauchesca posteriormente.

Martín Fierro se junta a um outro gaucho, chamado Cruz, depois de uma briga com a polícia por causa de ele ter matado um homem numa "pulpería" (lugar onde se tomava alcool e paravam as carruagens para se abastecer) e começam várias aventuras. Cruz tinha perdido seu filho e sua mulher tinha lhe traido com o chefe de uma milicia. Passamos ao livro seguinte.

Já na Vuelta de Martín Fierro, depois de muitas andanças nas "tolderías" (lugar onde moravam os indios) morre Cruz, Martín Fierro fica sozinho e triste mas encontra seus filhos, que narram ter estado com um tutor desonesto e aproveitador, o Viejo Vizcacha, quem costumava dar conselhos oportunistas. Também encontra com o filho de Cruz, Picardía, quem conta seus causos.

No final, ele encontra também o irmão do homem que matou e canta com ele também uma "payada" (forma como se chama a este tipo de poema que se canta a dois violões como se eles estivessem em duelo) e reflexionam, em um brilhante contrapunto em que se misturam poesia e filosofía, sobre o céu, a terra, o mar, o amor, a lei, a unidade, a quantidade, o tempo. Martin Fierro se despede dando sabios conselhos aos seus filhos e ao de Cruz: que sejam honradois, unidos, que trabalhem e que não percam o tempo. Admitindo que ele mesmo não foi um bom exemplo, encoraja eles a que

El hombre no mate al hombre
Ni pelee por fantasía.
Tiene en la desgracia mía
Un espejo en que mirarse.


Na próxima postagem, para este texto não ficar longo e pesado de ler, coloco a apresentação de Severino e de Martín Fierro em contraste. Obrigado pela atenção.

2 comentários:

  1. Excelentes proposta,Fernando, vamos abrir a aula de hoje com a sua leitura, ok?

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  2. Obrigado Alexandre, não vi este comentário seu no momento que você postou. Quer que eu faça a tradução oral rápidamente assim que você voltar no dia da minha apresentação, 13/05?
    Abraço, Boa Páscoa, Fernando.

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