quarta-feira, 13 de abril de 2011

Morte e Vida Severina e Martín Fierro em contraste.

Amigos,

Aqui Severino se apresenta e também Martín se apresenta. Os dois começam o texto desde jeito para contar sua história. As problemáticas parece que se repetem.
O espanhol em está escrito o Martín Fierro é um espanhol rural do século XVIII e XIX, que ficaria extenso traduzir aqui. Prefiro, se houver tempo, fazer uma leitura compartilhada com vocês e ir traduzindo na seqüência, no decorrer da leitura oral, porque o canto Martín Fierro, embora esteja escrito, é tão oral como o canto do Severino e o canto nordestino.
A analise é recortada e énfatica nestes textos, mas também vejo elos e assuntos repetidos com Elomar e Patativa do Assaré, já escutados em sala de aula.

O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR
QUEM É E A QUE VAI
— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte Severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.


I
1
Aquí me pongo a cantar
al compás de la vigüela,
que el hombre que lo desvela
una pena estrordinaria,
como la ave solitaria
con el cantar se consuela.
2
Pido a los santos del cielo
que ayuden mi pensamiento.
Les pido, en este momento
que voy a cantar mi historia,
me refresquen la memoria
y aclaren mi entendimiento.
3
Vengan santos milagrosos,
vengan todos en mi ayuda,
que la lengua se me añuda
y se me turba la vista.
Pido a mi Dios que me asista
en una ocasión tan ruda.
4
Yo he visto muchos cantores,
con famas bien otenidas
y que después de alquiridas
no las quieren sustentar.
Parece que sin largar
se cansaron en partidas.
5
Mas ande otro criollo pasa
Martín Fierro ha de pasar.
Nada lo hace recular
ni los fantasmas lo espantan
y dende que todos cantan
yo también quiero cantar.
6
Cantando me he de morir,
cantando me han de enterrar,
y cantando he de llegar
al pie del Eterno Padre.
Dende el vientre de mi madre
vine a este mundo a cantar.
7
Que no se trabe mi lengua
ni me falte la palabra;
el cantar mi gloria labra
y, poniéndome a cantar,
cantando me han de encontrar
aunque la tierra se abra.
8
Me siento en el plan de un bajo
a cantar un argumento;
como si soplara el viento
hago tiritar los pastos.
Con oros, copas y bastos
juega allí mi pensamiento.
9
Yo no soy cantor letrao,
mas si me pongo a cantar
no tengo cuándo acabar
y me envejezco cantando.
Las coplas me van brotando,
como agua de manantial.
10
Con la guitarra en la mano
ni las moscas se me arriman.
Naides me pone el pie encima
y, cuando el pecho se entona,
hago gemir a la prima
y llorar a la bordona.
11
Yo soy toro en mi rodeo
y torazo en rodeo ajeno.
Siempre me tuve por güeno
y, si me quieren probar,
salgan otros a cantar
y veremos quien es menos.
12
No me hago al lao de la güeya
aunque vengan degollando;
con los blandos yo soy blando
y soy duro con los duros.
Y ninguno en un apuro
me ha visto andar tutubiando.
13
En el peligro ¡qué Cristos!
el corazón se me enancha,
pues toda la tierra es cancha,
y de esto naides se asombre:
el que se tiene por hombre
ande quiera hace pata ancha.
14
Soy gaucho, y entiendaló
como mi lengua lo esplica:
para mí la tierra es chica
y pudiera ser mayor;
ni la víbora me pica
ni quema mi frente el sol.
15
Nací como nace el peje
en el fondo de la mar;
naides me puede quitar
aquéllo que Dios me dio:
lo que al mundo truje yo
del mundo lo he de llevar.
16
Mi gloria es vivir tan libre
como el pájaro del cielo;
no hago nido en este suelo
ande hay tanto que sufrir,
y naides me ha de seguir
cuando yo remuento el vuelo.
17
Yo no tengo en el amor
quien me venga con querellas.
Como esas aves tan bellas,
que saltan de rama en rama,
yo hago en el trébol mi cama
y me cubren las estrellas.
18
Y sepan cuantos escuchan
de mis penas el relato,
que nunca peleo ni mato
sino por necesidá
y que a tanta alversidá
sólo me arrojó el mal trato.
19
Y atiendan la relación
que hace un gaucho perseguido,
que padre y marido ha sido
empeñoso y diligente,
y sin embargo la gente
lo tiene por un bandido.


Espero que tenham gostado da leitura. Muito obrigado pela atenção.

2 comentários:

  1. Fernando, eu li Martín Fierro. É realmente uma obra saborosa de se ler: El Gaucho romántico. Muito bem referenciada por vc neste blog.
    Paulo

    ResponderExcluir
  2. Que bom Paulo. Referenciei porque tinha a ver e porque Alexandre pediu para ver morte e Vida Severina também. El Gaucho romantico, interesante colocação. Porque o gaucho é uma figura do século XIX e encaixa com o Romantismo. Coincidência? Antes de 1810, na época colonial, não se fala tanto de gauchos, eles não estavam presentes no imaginário coletivo nacional argentino. Não temos um gaucho renacentista, nem um gaucho barroco, nem siquer um gaucho neoclássico (para vocês, árcade). O gaucho é romântico, bucólico, outsider. Não tem um gaucho realista nem modernista também não. Nem um gaucho das vanguardas, nem um gaucho do realismo mágico. O gaucho continúa sendo romântico até hoje. Abraço, Fernando.

    ResponderExcluir